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Mostrando postagens de abril, 2016

O martírio de Erika

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O cinema de Haneke se constrói invariavelmente sobre a exploração de dois temas: a violência em suas diferentes formas (física, verbal, simbólica, psicológica, cultural) e a oposição e o interno e o externo entendido como espaços ou lugares, nos quais essa violência toma forma. Em A Professora de Piano, a violência aparece na relação destrutiva da protagonista Erika (na monumental atuação de Isabelle Huppert) com sua mãe (uma figura castradora contruída no molde freudiano clássico), dela consigo mesma, dela com seus alunos e, posteriormente, dela com o jovem Walter Klemmer. O estudo de personagem que Haneke propõe com seu filme é a dissecação implacável de sua protagonista - e aí temos também um tipo de violência que, na exploração que ele faz do voyerismo do espectador que assiste tudo mais ou menos passivamente, é amplificada. Erika é uma pessoa fria, dura, ríspida e aparentemente incapaz de demonstrar sentimentos como carinho, amor, afeto. O modo como lida com seus alunos, p

Pretensões cósmicas

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Interestelar tem sim suas qualidades. A cena em que o astronauta Cooper encontra-se dentro da projeção da 5ª dimensão, por exemplo, atrás da estante do quarto da filha, pode parecer absurda e inacreditável para leigos, mas para aqueles que entendem de Álgebra Linear sabem que a projeção de um "hipercubo" no espaço 3D seria muito próxima do retratado no filme, além do modo como o tempo se processa perto de grandes concentrações de massa, com a gravidade interferindo na sucessão cronológica, seja no passado ou no futuro. Para comprovar isso, basta verificar as equações da Relatividade Geral. Esses méritos, no entanto, não se devem à qualidade do trabalho de Nolan enquanto cineasta, mas sim à contribuição da equipe de cientistas contratada para dar um suporte "teórico" e "acadêmico" ao filme, ajudando diretor e roteiristas a terem o máximo de fidelidade com o que ciência sabe acerca desses fenômenos. Os efeitos visuais que criaram o buraco-negro, são e