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Mostrando postagens de junho, 2015

O Mal Necessário

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Os Brutos também Amam é possivelmente o faroeste mais amado de todos. Dirigido pelo cineasta George Stevens (de Um Lugar ao Sol, O Diário de Anne Frank e Assim Caminha a Humanidade) encantou gerações, tornando-se uma lenda e gerando em torno de si uma espécie de culto. Pela direção magistral, pela fotografia que deslumbra e pelos atores em sua melhor forma, mas, sobretudo, pelas imagens que nos legou: a torta de maçã tenra, dourada, quente, sendo servida após o jantar; o cervo que, parado sobre um espelho d'água, observa a paisagem; o forasteiro errante que chega sem aviso e fica, tomado por um inesperado senso de justiça; o olhar deslumbrado do menino do rancho ante a bravura deste forasteiro; o vilão misterioso, trajado de preto, magro, alto, exibindo uma pistola de cada lado da cintura; ou o cavaleiro que parte e já cavalga ao longe, na direção das montanhas rochosas cujos cumes nevados emolduram o horizonte.... enfim, um clássico absoluto. Porém, para além de suas qual

A Escuridão Instrínseca

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Muitas pessoas não gostam - ou não gostaram - de O Iluminado por duas razões: ou esperaram dele um filme de terror+suspense do tip opadrão, ou porque esperaram uma adaptação fiel do livro de Stephen King. Contudo, ao Kubrick não interessava fazer nem uma coisa, nem outra. No livro, por exemplo, a família Torrence está num hotel assombrado por fantasmas/espíritos, e Jack acaba sendo possuído por esse mal, que o leva a empreender uma chacina. Seu filho Danny é um garotinho tímido, que teve o braço acidentalmente quebrado por seu pai, e que descobre ter capacidade de ler mentes e ver espíritos. Mas essa ideia de uma mal externo ao homem que o leva a cometer coisas horríveis é o oposto do que Kubrick pensava e que está demonstrado em sua filmografia. Para Kubrick o mal é algo intrínseco ao homem e esse mal só é controlado de um modo muito precário pela normas sociais. Portanto, ao contrário do livro, no filme o que leva Jack tentar matar toda a sua família é a própria maldade int

Bastardos Poliglotas

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Bastardos Inglórios não é só um filme sobre vingança. Bastardos Inglórios não é igual a todos os filmes do Tarantino - e ainda que o fosse, estaria necessariamente desprovido do qualidades? Todavia, trata-se de um filme no qual Tarantino demonstra notável evolução, indo além do seu arsenal corriqueiro (os filmes B de artes marciais, por exemplo, e elementos a cultura pop, como músicas da Madona), dotado de nostalgia e saudosismo, e parte para uma temática dita mais "séria", já explorada à exaustão pelo cinema de arte , especialmente na profundamente semita hollywood: o nazismo e o holocausto. Neste seu filme, Tarantino burla radical e malandramente a norma dos filmes desse gênero, inserindo um humor mais ácido que aquele no qual Benigni mergulha o seu A Vida é Bela (La Vita è Bella, 1997). E o faz demonstrando impressionante, ousado e fluente uso da linguagem em suas variáveis através da linguagem que já provara dominar anteriormente: a cinematográfica. Quando assistimos a

Quando os justos não tem mais vez

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Onde os Fracos não tem vez, ou, em ingles, No Country for Old Man, é um grande filme, mas sua falta de obviedade naturalmente afasta os apreciadores de obras mais "mastigadinhas". O final, no qual o vilão não é punido, como muitos esperaram e como é tão comum no cinema hollywoodiano, deixa alguns expectadores perplexos e outros decepcionados. Essa foi uma das coisas que eu mais ouvi nas crítica ao filme feitas por aqueles que não gostaram dele, pois para muitos, o vilão precisa ter um final trágico, que moralize a história e propicie uma catarse ao expectador. Mas isso não acontece - felizmente. E esse é dos pontos nos quais reside a força e o apelo do filme. Primeiramente, é bom ter em mente que o personagem de Josh Brolin não é o protagonista, apesar da narrativa gerar em torno dele. O principal personagem é o de Tommy Lee Jones, e toda a história é contada do ponto de vista dele, e portanto analisada sob os valores dele. É ele que passa o filme no rastro do vilão Ant

Um Farol no Oeste

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Um filme que narra, por meio da história de uma família, uma parte da história de uma nação. Essa curta sinopse poderia perfeitamente descrever diversos filmes, mas talvez E o vento Levou e Assim Caminha a Humanidade sejam os mais notórios. Este Cimarron, porém, surpreende pois, apesar de ser um western clássico na maior parte de sua duração, apresenta em sua trama elementos - ao meu ver - pouco comuns e bastante ousados para época. Cimarron narra com um dos mais turbulentos e marcantes acontecimentos da história dos EUA, durante chamada ''Marcha para o Oeste'', responsável, por um lado, pela a expansão territorial estadunidense e, por outro, pela intensificação do extermínio de diversos povos indígenas. O filme começa com a corrida de 1889, quando o presidente Benjamin Harrison abriu as terras indígenas para que fossem ocupadas pelos colonos, ocupando assim as terras da região que se tornaria o estado de Oklahoma. A cena da corrida por terras levou uma semana