Respeitável público

Não são raros os filmes se ocupam de retratar o quotidiano de artistas ou os bastidores de diferentes manifestações artísticas, sem necessariamente constituirem-sem em relatos biográficos. É o caso do teatro, descortinado em filmes soberbos como Fatalidade (A Double Life, 1947), A Malvada (All About Eve, 1951) e Birdman (Birdman, 2014); ou do próprio cinema, desvelado em filmes brilhantes como Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1951), Oito e Meio (8½ di Fellini, 1963) ou A Noite Americana (La Nuit Américaine, 1973); ou o circo, retratado em filmes como O Circo (The Circus, 1928), O Maior Espetáculo da Terra (The Greatest Show on Earth, 1952) e este O Palhaço (2011).

Confesso que posterguei o quanto pude o ato de assistir a essa segunda incursão de Selton Mello na direção de um longa-metragem, no intuito de ve-lo sem expectativas, uma vez que foi muito falando quando de seu lançamento. Minha conclusão é que, apesar das qualidades, como a trilha sonora, os figurinos e a fotografia, o filme é apenas mediano. Bem intencionado, mas superestimado.

O roteiro é ótimo, bem amarrado e deliciosamente elíptico, estabelecendo constantemente vínculo entre cenas e diálogos do filme (o ditado sobre o gato beber leite e o rato comer queijo, por exemplo). O problema, porém, é a direção insegura de Selton Melo, que não consegue conferir um ritmo fluido ao filme, que am alguns momentos ''deslancha'', mas na maioria deles fica ''estancado''.

Na condução da narrativa se mostrou indeciso entre manter o foco no seu protagonista, o palhaço Benjamin (por ele mesmo interpretado), e a menina Lola (papel de Larissa Manoela). Sua atuação também é problemática, forçadamente e pretensamente minimalista, mas demasiadamente vacilante.

Os pontos altos, ao meu ver, são as cenas com os grandes Tonico Pereira, com os irmãos Beto e Deto, e Moacyr Franco como o delegado que adora queijos e é devotado ao seu gato Lincoln.

O PALHAÇO (2010)
Direção: Selton Mello
Elenco: Selton Mello, Paulo José, Moacyr Franco, Jorge Loredo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Rainha Virgem

Custer, o falso herói

Eu me lembro