A Escuridão Instrínseca

No livro, por exemplo, a família Torrence está num hotel assombrado por fantasmas/espíritos, e Jack acaba sendo possuído por esse mal, que o leva a empreender uma chacina. Seu filho Danny é um garotinho tímido, que teve o braço acidentalmente quebrado por seu pai, e que descobre ter capacidade de ler mentes e ver espíritos.
Mas essa ideia de uma mal externo ao homem que o leva a cometer coisas horríveis é o oposto do que Kubrick pensava e que está demonstrado em sua filmografia. Para Kubrick o mal é algo intrínseco ao homem e esse mal só é controlado de um modo muito precário pela normas sociais. Portanto, ao contrário do livro, no filme o que leva Jack tentar matar toda a sua família é a própria maldade intrínseca a ele e qualquer ser humano, que se manifesta quando não forças ou normas sociais coercitivas atuantes.
As visões fantasmagóricas que no filme não são privilégio apenas de Danny, são muito mais o reflexo do medo e da maldade interna dos personagens, do que manifestações de espíritos de outro mundo.
Em seu filme, portanto, Kubrick nos dá uma outra perspectiva do que acontece naquele hotel. O isolamento leva à ausência de normas que controlem os instintos mais primitivos e animalescos do homem, que, desprovido do senso e do controle da civilidade, deixará tomar-se por esse mal que traz em seu âmago. Por isso, os medo que o filme gera e o susto que ele provoca é mais profundo que os sustos e medos pontuais dos tradicionais filmes de terror, pois mostra que o mal é o homem e está nele, e, portanto, está em todos nós.
Assim, o que nos arrepia é saber que Jack Torrence pode ser qualquer um de nós. Como disse Thomas Hobbes: "o homem é o lobo do homem".
(The Shining)
Data de lançamento: 23 de maio de 1980 (EUA)
Direção: Stanley Kubrick
Direção: Jack Nicholson, Shelley Duvall e Danny Lloyd
Duração: 2h 26m
Música composta por: Wendy Carlos, Rachel Elkind-Tourre
Duração: 2h 26m
Música composta por: Wendy Carlos, Rachel Elkind-Tourre
Comentários
Postar um comentário