Um pijama listrado e roteiro desastrado

Não entendo como as pessoas possam gostar tanto deste O Menino do Pijama Listrado (The Boy in the Striped Pyjamas, 2008), havendo outro tão superiores em todos os sentidos tratando dos mesmo temas, isto é, holocausto, anti-semitismo e nazismo. Filmes como A Lista de Schindler (Schindler's List, 1993), A Escolha de Sofia (Sophie's Choice, 1982), O Pianista (The Pianist, 2002), de Roman Polanski, O Diário de Anne Frank (The Diary of Anne Frank, 1959), de George Stevens, Filhos da Guerra (Europa, Europa, 1990) e Na Escuridão (W ciemności, 2011), ambos de Agnieszka Holland, Os Falsários (Die Fälscher, 2007), de Stefan Ruzowitzky, ou O Filho de Saul (Saul Fia, 2015), merecem muito mais o apreço e a veneração que este filme medíocre, piegas, maniqueísta e desonesto dirigido por Mark Herman.

Este superestimado drama é maniqueísta e desonesto pois pretende, por meio da amizade entre o menino alemão Bruno (Asa Butterfield, sem carisma e inexpressivo, como sempre) e o menino judeu Shmuel (Jack Scanlon), passar ideia que na Alemanha a população civil não sabia do que se passava nos campos de concentração, de que o partido nazista e a SS escondiam do povo o exterminínio dos judeus, quando na verdade a população sabia e a maioria ou concordava e apoiava, ou fingia que não era algo importante.

Nas escolas alemãs, a partir da ascenção de Hitler ao poder, em 30 de janeiro de 1933, permanecendo até 30 de abril de 1945, último ano da Segunda Guerra, as crianças alemãs eram ensinadas a odiar os judeus. Tendo o personagem Bruno 8 anos quando o filme se passa, em 1940, significa que ele crescer e foi educado em uma sociedade na qual o ódio aos judeus era tão comum quanto a tradição brasileira de comer arroz com feijão.

Na final do filme, a comoção na plateia não é produzida pela morte dos judeus, mas pela morte do menino alemão, ''por engano'', em meio aos prisioneiros daquele campo de concentração. Ou seja, o filme não se esforça por humanizar os judeus e colocar em relevo o processo cruel de desumanização pela qual eles passavam até serem mortos, o que de fato acontecia, se empenhando, em vez disso, por humanizar, por meio do menino Bruno, os carrascos. Na cena final a plateia torce para que Bruno não tivesse sido morto e cai em lágrimas porque descobre que isso aconteceu, já convencida de que a morte de Shmuel fosse algo que, pela sua previsibilidade, fosse normal e aceitável. O filme, portanto, presta um desserviço histórico e moral, e é um desperdício de recursos cinematográficos.

Comentários

  1. Bem essa é a sua opinião, mais assim cada filme tem seu propósito, desse filme era esse, gostei muito do filme, da moral que ele amostrou, certo, tem vários outros filmes legais retratando sobre o mesmo proposito desse filme, mais esse por falar de crianças eu acho que faz as pessoas pensarem bem nos que elas fazem, será que isso não machuca outras pessoas? esse filme é incrível. Amei!

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